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La marée haute
sexta-feira, julho 29, 2005
 



E lá vou rumo ao sul, não sem antes deixar uma pista de leitura, para estimular a líbido de quem precise ou não precise. Eu não preciso, obrigada, mas gosto de ler coisas bonitas.
O livro chama-se 'Intimidades' e é uma antologia de contos eróticos de escritoras portuguesas e brasileiras. Edições Dom Quixote, 2005.

Deixo um saborzinho.


Ou será que para gente da nossa raça a vida é sempre agreste, arcaica, perplexa, diante das premências do nosso amor? Amar é um dos rostos da nossa gente, tu me disseste e eu acreditei. Amar, sim, tem o gosto da maré, o tempo da maré, amar é estar onde a maré ainda não se encontra enquanto cumpre a sua agonia repartida entre as diferentes regiões do oceano.

Nélida Piñon


Leiam o resto :)


Bom fim de semana.
 
quinta-feira, julho 28, 2005
  Quem conduz hoje sou eu!

 
  Aquele beijo

Nem tudo começa com um beijo, escreve-se o livro e escrevo-me eu em dois beijos. De uma vez a paixão continuou viva e eu estava alegre e era feliz pois o coração, sabe-se lá as suas razões, estava envolvido profundamente como nunca até aí. De uma outra vez, mais tarde no meu tempo de vida, a paixão desabrochou e floriu de novo em todo o esplendor. E não acabou com um beijo, acabando-nos com um beijo. E foi igualmente belo, sem mágoas já e com enorme ternura.
 
terça-feira, julho 26, 2005
 

Na minha infância escondida no tempo de vez em quando sacodem-me memórias e nem é saudade o que sinto, é uma secreta e quase triste alegria.

Deliciava-me com este série: Bonanza.


 
segunda-feira, julho 25, 2005
  Ora bem,

Há por demais mal entendidos e equívocos na blogosfera. Assisto a isso desde que me conheço, perdão, desde que me iniciei na net. Há palavras impensadas, há gestos infantis e depois há gente que gosta de pacificar e há também quem aprecie particularmente acirrar ânimos. Quanto a mim, apesar dos laços de amizade que me ligam de uma forma particular a algumas pessoas que tive o inesperado e grato prazer de conhecer neste meio, tento usar um pouco da razão, o que nem sempre é fácil, quando tomamos as dores dos nossos amigos.
Não gosto de ser do contra só porque sim mas tenho um certo gosto pela argumentação. Característica que me leva a tentar ver vários lados da questão, o que nem sempre me dá vantagem.
Gosto de ser frontal e até agora penso que o terei sido nas coisas mais importantes da vida e da forma que o consegui ser. Há coisas que não têm importância e pessoas que já não me merecem o benefício da dúvida, na vida lá fora, sobretudo, que aqui somos apenas palavras. Enquanto não vir o olhar de alguém sei que somos apenas palavras mas o objectivo não é conhecer pessoas. Para mim conhecer enquadra-se num contexto ou numa oportunidade ou porque apetece porque sim.
O que me irrita, dizia eu pegando no fio por onde começou esta prosa, é aperceber-me levemente de uma tendência colectiva para apedrejar alguém. Muitas vezes há razões para sentirmos decepção e amargura e com o sangue quente olhamos de lado quem nos magoou ou magoou alguém de quem gostamos. Mas quando o sentimento se espalha como se nunca ninguém errasse e tivesse telhados de vidro, tenho a sensação de apedrejamento público, que me repugna e do qual me demarco. É muito fácil e seguro estar do lado da maioria. Eu sei. Às vezes acontece-me.
 
  JLBorges

AUSENCIA

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.



Jorge Luis Borges, 1923


Às vezes os adjectivos parecem banais, despudorados. Nesses momentos apenas o silêncio reverencia o que amamos.

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  Apetecia-me algo...

 
domingo, julho 24, 2005
  Ondas de paixão




O amor ou a loucura, a igreja ou a fé. Ou tudo ao mesmo tempo. Onde se descruzam os nós no contexto difícil de uma interioridade ultraconservadora que rejeita o diferente?
A interpretação de Emily Watson é alucinante.
Duas horas depois fiz a digestão. Saia uma coisa leve.
 
  le cool

Via 7000 nomes, descobri um guia semanal da cidade de Lisboa: le cool.






Vale a pena assinar.
 
 

 
  É hoje o dia, Parabéns!

Pela 'amizade sem tempo', dedicatória que escreveste no livro sem data, não te digo obrigada porque aos Amigos não se dizem coisas destas, as palavras sobram e nenhuma é suficiente.

Parabéns por me teres como amiga há largos anos, er...quero dizer, parabéns por mais um 24 de Julho. Em grande estilo, na cultura vasta e sóbria, não ostensiva, nas risadas dos altos e baixos da vida, na auto-ironia. Na coragem e naturalidade de seres Homem inteiro.

E, 'Leão',
o Benfica é o maior...dá cá mais 5! ;)


Um abraço apertado. Imagina-o, que é teu.
 
sexta-feira, julho 22, 2005
 




Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros.



Daniel Faria. Um dos meus poetas.



Um feliz fim de semana.
 
  Casa Pia

Numa das sessões do julgamento Casa Pia, uma das testemunhas ficou de repente com problemas de audição e a sessão foi interrompida.

Cada vez mais me convenço intimamente de que quem vai ver o círculo atar-se à sua volta é o Bibi. Não tenho pena nenhuma dele, e o José Maria Martins é o esperto típico que neste caso em particular me agrada porque está a fazer tudo para envolver os outros arguidos. O Bibi é o elo mais fraco naquela cadeia de arguidos que por sua vez são os elos fracos de outros figurões. Rede. Cadeia. Escala global. Cadeia. Solitária.
É uma vergonha o que está a acontecer neste débil país.
Qual é a surpresa de alguém conhecido publicamente, inteligente e bem sucedido enveredar pelos caminhos da pedofilia?

A surpresa é toda, ou era, para mim. Hoje sabemos que os pedófilos são pessoas aparentemente normais*, que fazem uma vida paralela, pessoas de quem nunca suspeitaríamos. Alguém imaginaria o senhor Jorge Ritto envolvido? E no entanto é o único que está a admitir, de certa forma, a abertura da porta. O que acho também indecoroso, não sei se é histeria colectiva se é amizade incondicional, se é acreditar completamente na pessoas ou se é simplesmente falta do elementar bom senso, receber no Parlamento e com palmas o senhor Paulo Pedroso, quando a prisão preventiva cessou.

Eu sei que é muito fácil estar aqui a debitar opiniões, sem provas como se estivesse num café mas dou a cara por aquilo que aqui estou a escrever, a não ser que recebesse ameaças que muita gente recebe...pois. Não quero ser heroína.

E quantas vezes não se absolvem os arguidos por falta de provas, mesmo que os juízes, tenham a convicção íntima da culpabilidade do arguido?
Não sigo com atenção este caso, e há muito que não vou ao Do Portugal Profundo. Fui agora e retirei esta verdade factual escrita pelo ABC:

Nota:
Paulo Pedroso foi constituído arguido por pedofilia e esteve em prisão preventiva no âmbito do processo de abuso sexual de crianças da Casa Pia. Actualmente, o ex-ministro aguarda decisão de recurso da decisão de não-pronúncia da inesquecível juíza Ana de Barros Queiroz Teixeira e Silva.


Compreendo que deve ser um choque saber que alguém de quem se é amigo é acusado de pedofilias e afins. O natural é entrar em negação. Eu ficaria na dúvida. Ficaria? Não sei como reajaria. Também sei que contra factos não há argumentos.
Solidarizo-me com a posição de António Balbino Caldeira e daqui extraio as naturais consequências, apesar do melindre do caso. Posso estar a ser inocente nisto tudo mas objectivamente o ABC mais não fez que recolher factos e expô-los num blog. Isso é difamação?



* não se vai especular sobre o que é a normalidade, espero...
 
  "Deus é negro"

Assim rezava o Público de há duas semanas, referindo-se a Touré.

Passeando blogosfera fora e esquecendo a óbvia informação dos jornais, li na Quinta Coluna que o espectáculo de Ali Farka Touré é de entrada livre.
Agora já entendo o porquê de as pessoas que atendem nas bilheteiras da Fnac e da Tickteline desconhecerem o nome deste senhor...
Será que entendo ou será que este estar fora dos circuitos comerciais é propositado, para evitar assassinatos de músicas? Foi contigo esta conversa, sim, Z :)
 
  O último tango em Paris





Belo, poderoso, decadente, suave vertigem. Os fantasmas interiores. O que está dentro e mais fundo. O sexo, a dor e o prazer. Situações limite de vida. A banda sonora. A fotografia magnífica. Aquela Paris. Bertolluci. Não um filme erótico mas um retrato de uma sociedade fechada e de pessoas dilaceradas pela solidão.
Marlon Brando.

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quarta-feira, julho 20, 2005
  Em carne viva




Muito belo e forte. Divertido. Dramático. E soberba a interpretação dos actores.

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  post it

(O meu computador andou a fazer combinações com a minha secretária (madeira), pois deixou que se lhe instalasse um qualquer vírus que me impede de circular na internet à la vontade. Com este portátil é tudo uma maravilha, não fosse o caso de estar a pagar a ligação telefónica à iol, que para rematar qual cereja em cima de bolo se desliga de 5 em 5 minutos.
A não esquecer: levar o pc a uma das lojas que há no centro comercial, no piso do estacionamento.)
 
terça-feira, julho 19, 2005
 





Vi numa destas semanas dois filmes cujo protagonista era Javier Barden...
E?
E...gostei muito.




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segunda-feira, julho 18, 2005
  Bom dia! Back to life back to reality....:)

São horas de ir dormir. Quase sete e meia, é tarde, eu sei, estou quase a perder o norte do estar acordado. Quem dorme até às seis, pula da cama, pega no dvd do Gato Fedorento e está um bom bocado a vê-lo, ocasionanalmente gargalhando baixinho para não incomodar os vizinhos, está, à hora de se levantar para ir para o trabalho, com uma valente vontade de uma soneca, mea culpa, quem me mandou comprar um sofá que convida tanto à leitura como ao sono?
Acho que vou mas é acordar. E porque razão não se cria uma associação para as pessoas que têm tanto direito como as outras a ficar na conversa até ao amanhecer, sendo que o amanhecer acorda-me às seis e põe-me na cama às oito, mais hora, menos minuto?
Que país é este que não enquadra as pessoas com horários diferentes dos da minoria? Porque não se legisla neste sentido? Onde estão as promessas de Sócrates? Aquele tipo nunca me enganou. Desde o liceu que nunca fui muito à bola com ele. Era mais Platão. Só promessas. Para quando uma lei que decrete o acordar obrigatório às 6? E ando eu a pagar as qutas para o sindicato.
Os fins de semana vertiginosos dão nisto. É isso ou os gatos. Sou mulher mas não sou de ferro.
 
quinta-feira, julho 14, 2005
 




Gosto desta frase de publicidade da marca Clinique.


Beauty isn't about looking young, but looking good.


Perfeito.
 
quarta-feira, julho 13, 2005
  Devo estar com uma carinha de fome...

Fui à padaria do costume à hora do almoço.
Quero 6 bolinhas de mistura, se faz favor.
(...)
Leva 7, uma é oferta da casa, diz o senhor com um sorriso.
 
 

Hoje o dia todo a vida me levou e trouxe o sorriso. Estar bem e saber que quem tanto amamos não está, retira o prazer de ter prazer. Merda.
Preciso tanto de ter força, embora me doa cada palavra que digas. Tento manter o rosto fixo e o olhar atento, quase frio; desvio-me da emoção, que não pode mandar em mim. E porque não a aguento quando estás no meio.
Uma fase apenas. Uma onda alta e perigosa. Um sol que brilha lá atrás. A esperança é uma coisa com penas, diz W. Allen, citando Emily Dickson.
Shit, que isto passa.
 
 

Prosa completa. Woody Allen.


......................................

........................

 
  E agora o que é que eu digo?

Já comecei por diversas vezes o texto, sempre o apagando. Pois como encontrar palavras que são menores que o obrigada que se sente na alma, como agradecer o carinho, a lembrança de várias formas oferecida, as palavras elogiosas e, passe a modéstia e a imodéstia, algumas imerecidas e que apenas posso aceitar pela imensa simpatia e ternura de quem as escreveu.

Ontem resgatei-me do trabalho e das obrigações, do ter que, do óbvio, da festa porque sim, e andei a meu bel-prazer com a imensa liberdade de um tempo que pude fazer só meu e de quem mais quis. Esqueci horários, dei umas voltinhas (este Português é coloquial e para ser levado à letra!), deixei-me levar pelo doce sabor da liberdade que cada vez mais vou prezando e agarrando como um tesouro que se pode escapar um dia pelos dedos escorregadios da vida.

A net não existiu depois de ter escrito o post, a carteira foi assaltada por um anel lindíssimo que me pediu, naquele vermelho digno, Leva-me!, e mais não digo, ou corro o risco - pequeno, é certo - de não ver nenhum exemplar da minha auto-biografia vendido. O risco é pequeno, digo com segurança porque os pormenores picantes começam na página 18.

E o telefone não esteve desligado nem deixei de atender as chamadas! Aconteceu que primeiro fiquei sem bateria (o que é notável, dado o meu fôlego) e mais tarde, recarregada a dita, o telefone esteve ao pé de mim e não tenho registo de chamadas não atendidas. É que o meu telefone está meio avariado e hoje vai para a oficina, sim, Hipatia ;)
 
  Espreitando.

 
terça-feira, julho 12, 2005
  O dia 38



Todo que diga está de más
las luces siempre encendien
en el alma
y cuando me pierdo en la ciudad
vos ya sabés comprender
es sólo un rato, no más
tendria que llorar o salir a matar
te ví, te ví, te ví
yo no buscaba nada y te ví.


Mercedes Sosa


Gostava de saber quem foi o menino que nasceu naquela noite, à mesma hora, no mesmo sítio. Dizem que ele era sossegadinho e fui eu que fiz as honras da casa a noite toda. Além de ter sido puxada a ferros, incomodada que fui às duas da madrugada do meu quentinho, gritei a noite toda, bem feita, que isso não se faz. O meu companheiro bébé deve ter ficado assustado e tentou passar despercebido não fosse eu voltar-me para o lado dele.
A enfermeira (e minha madrinha no civil já que a minha madrinha a sério tinha o BI fora de prazo, distraída) teve a ousadia de dizer à minha mãe que ia passar muito comigo, os indícios prometiam já que além dos gritos foi um espernear a noite inteira para afastar o lençol que me cobria o peito. Gostava de a conhecer para lhe dar um abraço.

O meu avô foi de novo o primeiro a dar-me os parabéns neste mais um dia 12. Mal ouvi o telefone corri sabendo que era ele. "Muitos parabéns e que contes muitos! Não estavas a dormir, pois não? Acordar cedo, qual cama até tarde!" "Olá avô! Obrigada, são 7 da manhã mas claro que não estava a dormir, estava a fazer café."
Fácil ver de onde vêm as minhas genéticas madrugadas. Lembro-me de ir com o meu avô ver o nascer do sol, magnífico, do alto da montanha (na verdade íamos mais apanhar fruta ao pomar, pela fresquinha), de ir com ele à caça depois de tanto insistir que me levasse, mas eu mal podia com a espingarda, de modo que a viagem foi curta, acho que foi uma manobra de diversão da parte dele.
O meu avô fez 85 anos e é cheio de força interior, de força, de Fé, nada de Igrejas -Uma vez o pároco lá da terra perguntou-lhe sorrateiro, uma vez mais: Sr. José, quando é que vai à missa? E logo o meu avô com o sangue na guelra e farto da mesma pergunta, responde de imediato: Vá o senhor padre que é para isso que lhe pagam. O pároco nunca mais lhe fez a pergunta mas tornou-se amigo do meu avô e de vez em quando ia lá a casa acompanhá-lo num copo de vinho.
Memórias que já não são minhas e que um dia quero recolher por inteiro.
E foi assim que cheguei aqui.
 
segunda-feira, julho 11, 2005
  Ainda na agenda de Julho



Até dia 24.
Palácio Nacional da Ajuda, exposição de... Lápis Exílis.




"Pizzicato - Polca"- Acrílico S/Tela - 168x114cm - 2003
Maria Sobral Mendonça
 
  Vanilla sky



Ou de como um momento aparentemente inconsequente pode mudar uma vida inteira. Absolutamente fascinante. Pertubador.
 
  Agenda vagueana de 14 de Julho

Dia 14 de Julho, pelas 19 horas, no bar do Teatro A Barraca, pode ser que o João Pedro apareça para a apresentação do seu blog-em-livro As Ruínas Circulares. Como o próprio diz, e cito textualmente, sou gajo para se meter no Alfa e ir até Lisboa para participar na apresentação do livrinho destas Ruínas
Só faltam os comentários muitos mais que muitos que se adivinham por detrás de cada post. Um blog em livro, com a participação de muitos bloggers coelho-suicido-dependentes, que contribuiram sadica e exemplarmente com os inúmeros desenhos. O que tenho a apontar ao JP é o facto de não ter pedido aos bloggers que desenhassem coelhos a ser salvos no último minuto antes de, por almas caridosas como moi dispostas a fazer o sacrifício de dar o beijo redentor que os salvaria. Fora isso, não tenho mais reservas em relação ao autor.
E mais não digo: não falo das horas esquecidas nas noites frias em conversas no Ruínas; não falo que cada post transcrito para o formato de papel traz por dentro, insivível, uma vida própria e paralela, feita, mais que de comentários, de verdadeiras conversas cruzadas de vida, inteligência e simpatia.

 
sexta-feira, julho 08, 2005
  A coragem da liberdade

Ouvia há pouco as notícias sobre Londres e de como os londrinos estavam a fazer a sua vida normal, andando na rua, circulando de metro, e louvei essa coragem e a frase final do jornalista - "A vitória da liberdade sobre o medo".

Falava eu com uma amiga minha que vive em Londres, perguntando-lhe até que ponto o medo pode tolher as actividades diárias das pessoas e as dela em particular. Responde-me simplesmente que não pensa nisso, que são situações que não se podem prever nem prevenir. E eu, apesar de ouvir opiniões mais ou menos fundamentadas sobre a possibilidade da previsão, também não acredito nessa possibilidade. A base do terrorismo passa pela infiltração, por tráficos de influências, de dinheiro, sendo as operações cuidadosa e atempadamente preparadas. Aliás, penso que nem é necessário muito tempo de antecipação: o esquema está de tal forma montado a nível mundial que basta um sinal, um mail, um código de palavras e numa hora apenas se pode programar um atentado.

Londres é gente, digo, parafraseando e adaptando um slogan político, e vê-la, com a normalidade possível, como uma cidade que tenta derrotar o medo, caminhando em frente, é um sinal de vitória, apesar dos mortos, apesar de cada morto doer aos seus como se de todos os mortos se tratassem, apesar do luto, apesar do ainda medo. Apesar de.
 
  Parabéns, Isabel :)


Rose
G. Tartagni

É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir.
José Gomes Ferreira

O mergulho na vida e seus sabores, cores e sentimentos delimita o campo da Arte. E no entanto esta tentativa de definir o que não tem horizontes porque os ultrapassa tem algo de claustrofóbico.

A Isabel Magalhães
esgrime através das cores as palavras que lhe são inúteis. Conheci a Isabel na inauguração de uma das suas exposições e olhando para os quadros que tem à rédea solta no seu blog, revejo a imponência, a simplicidade e a alma das cores que pinta ou dos objectos e paisagens que transfigura com o seu espanto de existir. Não se leia daqui um exercício de amizade, antes a constatação da beleza em estado puro. Podiam ser de outro alguém aqueles quadros - a impressão de encanto teria sido a mesma. Porque primeiro os vi e me deixei espantar - só depois conheci pessoalmente a autora e liguei a beleza das cores aquela perseguição incessante das cores da vida, metáfora da procura do que melhor existe no mundo e em cada ser humano. Uma aposta suave, mas implacável. Boa aposta de onde nasceu uma amizade tranquila e confiante.

Por isso, Isabel, porque hoje és bébé e hoje o teu dia, os Parabéns seguem, madrugadores como eu, que os lerás muito mais tarde, noctívaga ;)

Um abraço.
 
  Rokia Traoré, Afel Bocoum, Tinariwen, Ali Farka Touré

Madrugada, madrigal. Banal simplicidade!

Não devia ser necessário argumento algum para levar um ocidental a admirar profundamente o blues cósmico do Mali (...).E no entanto, mesmo para a maioria dos melómanos, não são nomes consensuais - ouviu-se falar, mas parte-se do princípio de que é gente exótica, que veste tapeçaria e anda descalço. Os ocidentais gostam de fazer de conta que gostam dessa gente - e frisam a expressão "essa gente". Acontece que "essa gente" pariu a nossa música e a nossa música continua milhas atrás do berço - o renovável berço de onde parece surgir mais um diamante negro. ´

(...) A guitarra tece a trama, a kora a teia os motivos. Surpreendentemente não estamos em terra de blues, embora ele surja, sujo de uma noite anterior à divisão da luz. Aqui pode haver Cuba e noutro segundo Guiné. A guitarra abalança-se aos ritmos quebrados do "highlife" do Gana. Por vezes há uma impressão de morna. A ausência de fronteiras não é coisa do acaso, nem manifestação de vanguardismo avulso: é que esta música nasceu antes de haver uma palavra que designasse "música".

(...)
Não podemos ter a arrogância de querermos compreender um disco assim. Mas podemos, orelhas ao alto, silêncio na garganta, admirar uma coisa assim, em jeito de milagre.


João Bonifácio, em Público, 24 de Junho de 2005


Apesar de ter trazido, movida pela velha curiosidade do gato, um dos discos de Ali Farka Touré; depois de ter ouvido de amigos melómanos a expressão máxima do fascínio, apesar de me ser também transmitido pel'A Mega Fauna o encanto por Touré (que é também o presidente da Câmara de Nyafunké), o excerto da crítica acima transcrita levar-me-ia, quase por si só, a procurar sentir algo ao vivo que não sei bem como será.

Convencidos para assistir ao concerto de Ali Farka Touré? :)
 
quinta-feira, julho 07, 2005
 



E são as nossas concordâncias que nos incompatibilizam.
 
  Londres, 7 de Julho de 2005

E é o medo que se espalha como nunca.

Temos direito à informação e temos o dever de ser informados e daí não se pode arredar pé - e ao mesmo tempo sabemos que uma das vitórias do terrorismo é a dimensão mediática que os atentados perpetrados têm. A dimensão do medo.
Não sei como se resolve esta situação, recuso a ideia de me sentar à mesa com alguém que usa da violência para me persuadir e manipular. Não podemos ceder, mas se estiver em risco alguém por quem sentimos amor, amizade, carinho, como ostentar altaneiramente a bandeira da razão?...
A ideia de que os atentados praticados desde o 11 de Setembro são indirectamente culpa dos EUA repugna-me porque é tendenciosa, falaciosa e facilitista. Os EUA têm telhados de vidro, sim (um deles é o do não cumprimento do Protocolo de Kyoto, intenção dramática para as gerações futuras, e a ver vamos se sairá algo de positivo desta cimeira dos G-8).

Regressemos ao medo.

O medo não nos protege, desarma-nos. Como contornar o terrorismo, difuso e universal? Como não temer homens que não têm medo de morrer?
 
quarta-feira, julho 06, 2005
 



Não sei se li de alguém se escrevi eu, sei que estava no meu caderno poema onde colecciono momentos e estados de espírito.

Não queria encalhar nas minhas verdades, nas minhas certezas.
Antes nas minhas dúvidas
.


Ps: queria escrever caderno preto e saiu-me caderno poema. Fica bem assim como está. A mente displicentemente atenta embrulhou-me a intenção aparente no fino papel dos sonhos.
 
  Caricaturistas portugueses

Ao manusear selos de correio, deparo-me com colecção dedicada aos caricaturistas portugueses. Um dos selos tem nos seus escassos 4,5 X 3,5 cm a referência ao Zé Povinho, personagem imortal, que remédio, inventada por Raphael Bordallo Pinheiro.


Segue saboroso texto.

Crescido, correspondeu perfeitamente às esperanças que nele depositaram os solícitos poderes do Reino. [...] Dorme, reza e dá os vivas que são precisos. Um dia virá talvez em que ele mudará de figura e mudará também de nome para, em vez de se chamar Zé Povinho, se chamar simplesmente Povo.

Ramalho Ortigão
 
terça-feira, julho 05, 2005
 




Gracias a la vida, que me he dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes, que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi proprio canto.



Abram-se janelas (expulsem-se vizinhos) e oiça-se nas palavras o canto de Mercedes Sosa fazendo pontaria ao coração.


Para conhecer um pouco do percurso desta mujer, leia-se aqui ou aqui :)


Mercedes Sosa na Aula Magna
Dia
26 de Junho de 2000

A grande cantora argentina Mercedes Sosa irá estar em concerto na Aula Magna no próximo dia 26 de Junho - Um espectáculo daquela que foi, provavelmente a primeira intérprete do "Nova canção" sul-americana - que utraspassou todas as fronteiras onde normalmente só circula a música comercial. "Alfonsina y el Mar" é, de certa forma a canção que consumou este facto: andou de boca em boca e acabou por ficar na memória das pessoas.

O resto veio por si. As rádios não se cansaram de passar o trabalho de Mercedes Sosa, mesmo perante a pressão das forças da Indústria discográfica. O facto é que a partir deste sucesso, outros se seguiram, aclamados pelos vários "media" - exemplos disso foram "Cancion con Todos", "La Cigarra", "El Tiempo Pasa", "Soy Pan", "Soy Paz", "Soy Más"...

Sosa é considerada uma das grandes artistas da América do Sul e traz agora a Portugal o seu mais recente trabalho discográfico, "Misa Criolla", uma combinação de melodias de Ariel Ramirez com formas e ritmos tradicionais da Argentina e das regiões latino-americanas, como o charango (guitarra de cinco cordas), quena (flauta rústica) e siku (acordeão boliviano).
 
  Mercedes Sosa

Cristóvão Colombo descobriu a América, dizem.
Eu descobri no fim de semana Mercedes Sosa.
Em Closer, a frase chave é, Se há amor à primeira vista não deixes de olhar.
Por isso às vezes páro, escuto e olho.

E descubro pérolas.
 
Sur la marée haute je suis montée la tête est pleine mais le coeur n'a pas assez. Lhasa de Sela


mareehaute.is.vague@gmail.com

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